sɐoɔsɐ̗Ԁ sɐɥuıɯ s∀
- Esta sou eu a Fingir
- 2 de abr. de 2021
- 1 min de leitura
Desde que me seguro pela mão sozinha,
assim é a minha Páscoa
Só o sal evitava que o mar congelasse sob o céu azul
Com a sua vontade, ainda que chovesse teria descido à areia
Mas não era o caso e as rochas envolviam-nos no abrigo das suas mãos pétridas
Descansava na toalha, o corpo ainda branco e sem marcas de biquíni
Fechava os olhos e sentia no céu da boca o salgado com que a espuma das ondas a beijara
Ou seria a lembrança dos corpos na língua
Começava a sentir a pele eriçada pela brisa fresca
Ou seria do toque da pele ainda molhada na toalha ao lado
Abria as persianas dos olhos e via-o dormitando, a boca entreaberta e sedenta do seu corpo
Ardia-lhe de desejo o imo de si
Ou seriam os raios de sol que lhe penetravam as memórias das horas da noite
Afastando a cortina da distância entre os dois, roçava-lhe a pele com as pontas dos dedos
O sol amarelo incendiando-os
As ondas que iam e vinham
O grito do mar ao lançando na areia a sua espuma branca.
Nestes inícios de Abril
Tudo lhe sabia a verão e a adolescência
A praia, ainda vazia de gente, cantava-lhe pelas bocas das gaivotas
Ao longe o som da linha atirada pelo pescador
Os grãos da areia sussurrando segredos entre si
No céu um rasto de algodão doce
Em casa chovia, sabia-o
Por isso partira para ali
Ainda que não chovesse
Partiria
Para longe da Páscoa

Comments