top of page

!50!

[…] vi nascer o dia que me viu nascer

De repente uma insónia estranha, aconchegada ainda pelo quente dos brindes no palato

A sala sossega em breu e na mesa repousam os copos dos últimos a ir.

Os embrulhos já foram desfeitos mas tenho-os intactos na íris, como às letras exaradas à mão nos cartões que guardarei numa caixa do futuro.

Sinto sob a impressão digital o toque da cartolina amarela e pintada a texturas e colos…

E nos meus olhos a carícia das lágrimas salga-me a pele de emoção contida.



Lá fora os primeiros raios de luz

De repente em mim o cheiro do mar e as noites na areia em torno de uma fogueira de amigos. O hálito fresco do tão jovens que fomos, todos os poros da pele sedentos pelo novo dia!

E descalça, abro a porta da sala e guio-me pela luz rosada que me saúda. Não me dói o gelado da pedra debaixo dos pés nem a relva pintalgada de orvalho



Paro

Fecho os olhos

Desperto os sentidos

Sinto em cada pedacinho de mim a aurora do dia!

O rio continua a correr por baixo da mesma ponte. Os mesmos telhados abrigam as mesmas vidas e o grito das gaivotas nem se dá conta de mim ali


E assim, tão simplesmente assim,

De repente, 50

Com o aviso dos anos idos

De repente, 50!

Com o mesmo olhar em espanto pelo que virá

Eis-me!

De repente, nos 50!


E quão bons momentos me trouxeram todos os que me rodeiam, todos os que se lembram de mim, os que me mimam, os que me amam!


Agradeço a cada um de vocês

Agradeço à vida, que Amo!

E em plena consciência, agradeço a mim, à miúda que fui, à mulher que me tornei, e à pessoa que todos fazem que eu seja!


Quando eu morrer tenho a certeza de ter deixado uma marca neste mundo!


Metade de mim

São as pessoas que Amo!








 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page